Agnaldo Farias é o curador da exposição Gula, da artista Berna Reale. Composta por um conjunto de fotografias e de instalações, a exibição foi inaugurada no ano de 2018 na Galeria Nara Roesler, em São Paulo, e depois circulou por outros espaços. Em 2019 chegou ao Viaduto das Artes, no Barreiro, em Belo Horizonte, quando pude conferir pessoalmente os trabalhos. O texto em que Farias apresenta a exposição, disponível no próprio site da galeria, será objeto dessa metacrítica.
Farias nos informa que
Berna Reale é uma artista contemporânea reconhecida internacionalmente, com
obras que se entrecruzam nos campos da performance, das artes visuais e da
perícia criminal. Seu trabalho como
servidora pública dialoga diretamente com sua produção artística, sempre incitando
à inquietação sobre aspectos da vida social relacionados à violência nas suas
múltiplas formas. O curador localiza a atuação de Berna Reale na cidade de
Belém, no Pará, mais uma entre as grandes cidades brasileiras nas quais a
dinâmica da violência urbana está presente. Ele destaca a rapidez com que Berna
alçou o sucesso e atribui essa velocidade à maturidade de sua obra.
Farias chama a atenção para o fato de todas as fotografias da mostra serem protagonizadas pela própria Berna. Ele apresenta a exposição, constituída por seis séries fotográficas e uma instalação e descreve o conjunto de imagens Sobremesa, nas quais policiais comem pedaços de bolos enfeitados. Sua análise enfatiza o conflito dos signos: os bolos, a voracidade com que são comidos, a roupa policial e seus paramentos. Na sua interpretação, esta e outras obras da mostra discutem a violência militar contra a sociedade, decorrente do prazer sádico de estar armado e de poder usar de violência.
Agnaldo Farias destaca a
obra Comida de rua, que mescla elementos da comida urbana (batata frita,
pipoca e cachorro quente) com os corpos de jovens que são as principais vítimas
da violência urbana e estatal. Aqui, podemos pensar no genocídio contra a
juventude negra em todo o país, fato diretamente relacionado ao aprisionamento
e ao encarceramento em massa, que a artista trabalha na obra Ginástica da
Pele.
Finalmente, há que se
considerar a intercessão entre crítica e curadoria no texto de Agnaldo Farias.
Ele elogia Berna Reale como sendo uma artista madura e de grande impacto mundial,
qualificando a exposição de forma muito positiva, de modo a envolver e despertar
a curiosidade do leitor. O tom de recomendação condiz com o fato de o texto
aparecer no site da própria galeria responsável pela mostra.
Aiezha Flavia Pinto Martins
Imagens: Galeria Nara Roesler
Texto crítico: "Berna Reale: Gula", de Agnaldo Farias
Fonte: https://nararoesler.art/exhibitions/142/
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