Toque e sensibilidade é o título que Flávio Rocha de Deus escolheu para sua crítica à exposição (EN)CENA, que esteve em exposição na Aliança Francesa de Salvador em fevereiro de 2024. Com curadoria de Bruna Sanjuán, a mostra reuniu aproximadamente doze esculturas cerâmicas da artista Bruna Gidi.
Flávio de Deus descreve o
trabalho de Gidi como “uma curiosa investigação das potencialidades do gesto
cristalizado na escultura cerâmica”, afirmação que traduzo como uma
transparência nos gestos simples de contato e conforto humano. Contato esse que
cada peça oferece e recebe, demonstrando reciprocidade e comunicação.
O autor referencia os
filósofos Albert Camus e Étienne Condillac ao longo do texto, para explicar
qual a função das esculturas em sua forma mais básica. Para Camus, a escultura
busca “fixar em três dimensões a figura fugaz do homem” e “restaurar a unidade
na desordem dos gestos”. Essa visão se alinha com a da curadora Bruna Sanjuan,
para quem a escultura tem o poder de parar o tempo. Condillac escreve sobre o
sentido do tato, que implica resistência, profundidade e localização,
estruturando a percepção do eu e do não-eu.
Para Flávio de Deus, as
figuras humanas criadas por Bruna Gidi demonstram experimentar o mundo não só
pela visão, mas principalmente pelas formas e pelo toque suave e sutil. As mãos
apoiam-se ou envolvem algo, sendo que esse gesto carrega uma forte carga
sensorial. Enquanto em Condillac o toque serve para aprofundar a consciência de
um eu isolado, em Gidi traz uma consciência compartilhada, que precisa da
presença do outro.
Lisa
Bárbara Martins Santos
Figura 1CENA 08 (2024), de Bruna Gidi [Foto: Adalberto Vilela/ cortesia de Bruna Gidi]
Fonte: <https://select.art.br/toque-e-sensibilidade/> Acesso em: 11/05/2025.
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