Juliana Monachesi é jornalista e galerista na Galeria Luisa Strina, em São Paulo. É dela a crítica apresentada na revista Celeste/Select, publicada em 16 de abril de 2024, intitulada O Barco e as repetições históricas. O texto trata da instalação O Barco, da artista portuguesa Grada Kilomba, que se encontra na galeria Galpão, no Instituto Inhotim. Segundo a crítica, a organização dos blocos de madeira carbonizada busca transmitir a ideia angustiante das travessias através do Atlântico, feitas por pessoas sequestradas e escravizadas, através de uma espacialização reduzida ao confinamento em que viveram ao longo da jornada.
A jornalista apresenta a obra de forma
descritiva, qualificando como os espaços teriam sido pensados de forma a
remeter ao ódio vivenciado por aqueles que ali foram aprisionados enquanto
cruzavam o Atlântico. De acordo com o texto, a obra se insere dentro de uma
perspectiva crítica da necropolítica portuguesa. Segundo Monachesi, Grada
Kilomba denuncia Portugal como criador do tráfico de pessoas e o último país a
abolir a escravidão. Assim, esse trabalho apresenta uma crítica a genocídios
que, embora sejam condenados no passado, continuam ocorrendo como arma de
domínio na atualidade. Segundo Juliana: “A força
maior da obra O Barco é não ser sobre o passado apenas, mas sobre o que
prossegue no presente em genocídios e violências, é sobre as repetições
históricas”.
Se a obra busca essencialmente reviver a
história silenciada, a crítica apresenta uma análise detalhada, mas não
exaustiva do contexto histórico, reforçado pelas inscrições sobre os blocos que
buscam representar “uma alma anônima entre tantas vidas perdidas”. Além da
contextualização histórica, a crítica descreve alguns dos elementos do projeto
poético da artista, apresentando de forma bastante elucidativa contexto, obra e
artista.
Elisabete Cunha de Andrade Paranhos
Figura 1- O Barco (2021), de Grada Kilomba Foto: Icaro Moreno
Figura 2- Detalhe das inscrições feitas nos blocos de madeira da instalação "O Barco", de Grada Kilomba Foto: Icaro Moreno
Fonte: https://select.art.br/o-barco-e-as-repeticoes-historicas/
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