Antigo Páteo da Cadeia de Santos (1875), de Benedito Calixto

 

Calixto, Benedito. Antigo Páteo da Cadeia de Santos, 1875. Óleo sobre tela 41 x 60,3 cm. 

A obra aqui apresentada é uma pintura datada de 1875, intitulada Antigo Páteo da Cadeia de Santos, realizada pelo artista Benedito Calixto. Trata-se de um óleo sobre tela com dimensões de 41 cm × 60,3 cm.

De forma geral, ao observar a pintura em sua totalidade, percebe-se que o artista utilizou predominantemente tons amarelados, ocres e pastéis, criando uma atmosfera serena e nostálgica. A composição apresenta diversas edificações, provavelmente prédios residenciais e casarões que refletem a arquitetura típica da época.

O quadro transmite uma sensação melancólica, talvez por representar um dia nublado ou acinzentado. Apesar disso, há uma claridade que sugere a presença de luz solar difusa, o que pode remeter a um dia frio, com pouca incidência direta de raios solares.

É evidente que o artista utilizou o recurso do ponto de fuga para estruturar a composição. Esse ponto é particularmente notável na disposição dos prédios em primeiro plano, na rua de pedras e no corredor central, que conduz o olhar do observador para o fundo da imagem, criando um caminho que se estreita à medida que avança. As linhas diagonais, elemento marcante nesta obra, reforçam essa convergência, sendo um recurso comum na arte para estabelecer profundidade e equilíbrio visual.

O ponto de fuga é formado pelas linhas que convergem ao longo do espaço pictórico, conferindo ordem, tranquilidade e uma compreensão lógica do cenário. A composição transmite a sensação de uma tarde tranquila naquele local, onde coexistem espaços públicos e privados, representados pelas ruas, pelos casarões e pelas figuras humanas que sugerem cenas do cotidiano da época.

Benedito Calixto, ao construir essa cena, não apenas retrata um espaço urbano, mas também eterniza um momento do passado, conferindo à obra um caráter simultaneamente documental e estético. A harmonia entre a melancolia da atmosfera e o dinamismo implícito nas ruas e nos edifícios revela sua maestria em equilibrar técnica e expressão.

Com essa pintura, Benedito Calixto nos convida a refletir sobre o espaço urbano como testemunha do tempo, a partir do qual o uso do ponto de fuga e a escolha de uma paleta específica contribuem para construir uma narrativa visual que conecta o espectador ao passado.

Jucélia Regina Batista Alves