Zumbi (1899), de Antônio Parreira


A pintura Zumbi (1899), de Antônio Parreiras, possui dimensões de 99,0 cm x 158,5 cm e foi realizada utilizando a técnica de óleo sobre tela, característica amplamente empregada pelos artistas acadêmicos do período. Essa técnica permite uma riqueza de detalhes, texturas e nuances de cor, aspectos evidentes neste trabalho. Atualmente, a obra integra o acervo do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.

Estilisticamente, a pintura apresenta influências tanto do realismo, visível nos detalhes meticulosos do corpo de Zumbi, quanto do romantismo, perceptível na idealização heroica do personagem e na atmosfera dramática da composição. Zumbi ocupa o centro da cena, retratado como uma figura monumental e imponente, simbolizando força, determinação e liderança. Parreiras emprega um nível elevado de detalhamento no corpo de Zumbi, destacando músculos tensionados e uma postura ereta, que transmitem vigor e coragem. A luz, cuidadosamente direcionada, incide sobre o rosto e o corpo do protagonista, enfatizando sua importância e conferindo-lhe um ar quase divino. Esse contraste com o fundo mais escuro ressalta ainda mais a centralidade do personagem e reforça sua conexão simbólica com a luta pela liberdade.

O ambiente ao redor de Zumbi é dominado por elementos naturais, como árvores e vegetação densa, que evocam o cenário do Quilombo dos Palmares. O uso predominante de tons terrosos – marrons, verdes e outras cores escuras – cria uma atmosfera sombria e austera, que reforça a seriedade do tema. Essa paleta não só conecta Zumbi à natureza como também à resistência de seu povo, simbolizando o vínculo entre a terra e a luta por liberdade.

Mais do que um retrato, Zumbi é uma alegoria poderosa da resistência negra e da luta pela liberdade no Brasil. Produzida pouco mais de uma década após a abolição da escravidão, a obra carrega uma mensagem de reconhecimento e reverência ao papel de líderes como Zumbi na história do país. Parreiras utiliza sua habilidade técnica e sua sensibilidade artística para criar uma obra que transcende o tempo, relembrando a importância de Zumbi como símbolo de coragem e resistência para gerações futuras.

Andyara Pinto Duarte 

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