Pedro Alexandrino é reconhecido por sua habilidade em representar objetos metálicos com precisão e maestria, transmitindo fielmente a impressão de volume e brilho. Em muitas de suas obras, ele combina dois ou três tipos de metais em uma única composição, demonstrando seu talento em reproduzir os diferentes tons e texturas de cada material. Além disso, destaca-se em sua pintura a exploração dos efeitos de transparência, evidente nas representações de cristais e garrafas de vidro.
Alexandrino manteve-se fiel à sua convicção artística, sem se deixar seduzir pela busca do desconhecido ou por caminhos experimentais que poderiam comprometer sua técnica sólida. Sua arte, desprovida de aspirações a uma genialidade inovadora, é marcada por uma firmeza técnica que reflete sua incontestável mestria no desenho naturalista. Suas obras são sinceras, com cores vibrantes aplicadas em pinceladas firmes e conscientes, e honestas, respeitando os princípios que adotou como verdades em sua prática artística.
Na obra Natureza morta com uvas e pêssego, destacam-se a paleta sóbria e os elementos orgânicos, como as frutas (uvas e pêssego), além de objetos como uma jarra, tecido e um recipiente para armazenar as frutas. A composição é centralizada, com linhas curvas que conduzem o olhar aos elementos principais, especialmente as formas circulares que representam as uvas e o pêssego. O fundo escuro intensifica o destaque dos objetos, enquanto as cores das frutas se repetem, criando uma unidade visual.
A jarra, em particular, chama atenção pelo tratamento cuidadoso que o artista dá à textura do metal. A paleta escolhida para os reflexos da jarra mistura tons escuros e claros, criando contrastes que ressaltam a luminosidade do material. As pinceladas visíveis acrescentam uma sensação tátil à obra, reforçando a textura dos elementos, enquanto a escala dos objetos aproxima a pintura de um semi-realismo.
A abordagem de Alexandrino à natureza-morta é acadêmica, pois prioriza a representação técnica precisa dos objetos em vez de contextualizá-los no cotidiano ou no momento histórico. Sua dedicação ao aperfeiçoamento técnico, ancorada em sua formação, resulta em obras impessoais, voltadas principalmente para o estudo e a prática artística. Por essa razão, suas pinturas raramente revelam aspectos sentimentais ou subjetivos do artista. No entanto, essa escolha reflete o rigor e a profunda dedicação de Alexandrino ao academicismo e à sua arte.
Thais Porto Miranda Dorea
Comentários
Postar um comentário
Queremos saber sua opinião