Caminho da Roça, de João Baptista da Costa


 

João Baptista da Costa (1865-1926) foi um dos grandes representantes do naturalismo na pintura brasileira, destacando-se por sua dedicação em retratar paisagens e cenas do cotidiano com precisão técnica. Suas obras são marcadas pelo detalhismo e pelo uso expressivo da luz e cor, frequentemente valorizando temas rurais. Nesta análise crítica, abordaremos a obra Caminho da Roça, óleo sobre tela, um exemplo de expressivo do naturalismo brasileiro. Pintada em um momento em que o Brasil passava por significativas transformações sociais, Baptista da Costa revela sua sensibilidade em capturar a simplicidade do ambiente rural com excelência.

Sobre os elementos visuais da obra, é possível identificar muitas formas curvas por se tratar de uma paisagem natural, formas como a vegetação, a serra ao fundo e a estrada que guia o olhar do público, essa perspectiva foi criada justamente para destacar o caminho presente no trabalho. A obra é composta por uma iluminação e cores suaves, que se aproximam muito de algumas regiões do Brasil, como os tons de verde das plantas, um tom de terra cota da estrada e o azul do céu. A luz e a sombra presentes evidenciam também o clima ensolarado do Brasil e valorizam o volume e a profundidade, criando uma relação entre os planos da pintura.

Nas suas pinturas João Baptista evita as idealizações dos pintores acadêmicos anteriores, destacando uma relação mais imersiva com a natureza brasileira. Apesar de existir semelhanças de procedimentos e de poética do Artista com artistas franceses, pode se dizer que Baptista foi mais contido. O “caminho” que dá nome a obra pode ser interpretado, nesse sentido, como um símbolo de transição e continuidade, podendo representar a jornada literal dos trabalhadores ruais quanto os ciclos de vida. Essa pintura transmite, assim, uma sensação de nostalgia e desperta várias memorias afetivas por se tratar de uma paisagem bem comum em vários locais de Minas Gerais. Ela me recorda das longas caminhadas com minha família, quando íamos visitar meu avô em Mateus leme, uma cidade do interior de Minas, com suas paisagens maravilhosas, como essa pintura, com o contraste marcante entre as cores azul, verde e marrom.

 

Matheus Henrique Torres Gomes 

 


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