PROMPT – Arte e Inteligência Artificial na Escola Guignard
A exposição PROMPT propõe uma reflexão sobre o lugar das artes plásticas em um tempo atravessado por inteligências não-humanas, sistemas de cálculo e geração de imagem. Todas as obras apresentadas são audiovisuais e resultam da intersecção entre linguagens como desenho, bordado, pintura, animação, fotografia, aquarela, caligrafia, design, escultura e música, articuladas a partir de processos criativos mediados por inteligência artificial. Aqui, a IA não é apenas ferramenta, mas força compositiva que reorganiza signos, gestos e matérias em campos perceptivos expandidos. A tradição da Escola Guignard, historicamente ligada à invenção e à liberdade formal, encontra novos desdobramentos: o gesto convive com o algoritmo, e o sensível se reconfigura em meio ao ruído técnico do presente.
A exposição foi realizada no formato online no ano de 2025 como uma atividade de extensão da Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais, Brasil, no âmbito da disciplina Tópicos em Audiovisual: Ateliê de Artes Digitais, Inteligência Artificial e Novas Tecnologias ministrada pela profa. Celina Lage.
Imagem animada ao fundo de autoria de GravelTravel22
Sorrow
Cecil
Statement: Uma animatic que conta brevemente a perda da pessoa amada da personagem original que eu criei. Ela é uma vampira que se apaixonou por uma humana, que, infelizmente, por razões misteriosas, veio a falecer. A animatic foi feita em um programa de arte digital no celular chamado ibispaintx e totalmente desenhado á mão, usando cores derivadas do roxo e do rosa e um estilo de desenho inspirado em animações japonesas (anime). Eu usei a inteligência artificial para gerar uma paleta de cores, inspirada em outras obras de arte minhas que eu alimentei á inteligência. Também aprendi, de forma básica, como funciona a animação frame por frame á partir da inteligência artificial.
Bio: Artista digital e pintora brasileira de 20 anos que toca temas como perda, sexualidade, relações humanas, emoções, padrões de beleza com um estilo de arte caótico que, de algum jeito, funciona.

Tecelã das águas (O peixe-boi dos Maraguá)
Celma Villela
Statement: Inspirado na lenda ancestral dos Maraguá, este bordado ganha fôlego e se desdobra em movimento — rito de encantamento e memória com auxílio de IA. Uma mulher dança com as águas, em comunhão com o sol, a terra e o tambor que chama os espíritos antigos. Entre linhas e texturas, ela pressente a metamorfose: corpo que se alaga, que se torna peixe, que desaparece e permanece. O Peixe-Boi dos Maraguá é um mergulho no tempo mítico, onde o gesto da mulher bordada ecoa a sabedoria dos rios e dos seres encantados.
Bio: A artista, com formação em Direito e atualmente bacharelanda em Artes Plásticas pela Escola Guignard (UEMG), em Belo Horizonte, é habilitada em Desenho e cursa a habilitação em Escultura. Seu trabalho se desenvolve a partir da reutilização de materiais como cobre, madeira e resíduos diversos, dando forma a objetos que dialogam com questões socioambientais, culturais e afetivas. Sua pesquisa artística entrelaça natureza e cultura como dimensões inseparáveis da experiência humana, refletindo sobre o que a habita e a move.
Leãozinho
Débora Santos
Statement: “Leãozinho” é um vídeo-processo de uma pintura em aquarela. Uma singela homenagem que celebra a vida de Leão, um cachorro shih tzu, doce e brincalhão que foi meu grande companheiro por 10 anos. Esta aquarela explora a afetividade e a delicadeza presentes na convivência com animais de estimação. A escolha do tema parte de uma experiência pessoal e afetiva, buscando expressar o vínculo emocional com o animal e com o espectador. A técnica da aquarela foi escolhida porque permite suavidade e leveza, reforçando a atmosfera de ternura. Esteticamente, a obra dialoga com artistas como os britânicos Cecil Aldin (1870-1935) e Lucy Dawson (1870-1954), que representaram animais domésticos com carinho e naturalidade, além de aproximar práticas contemporâneas de ilustração afetiva e retrato pet. A produção foi criada com o auxílio de inteligência artificial na elaboração de roteiro e na edição, utilizadas as ferramentas de AI do aplicativo de câmera nativo do Motorola Edge 50 Neo, do aplicativo CapCut e do ChatGPT.
Bio: Débora Santos é advogada graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais e estudante do curso de Bacharelado em Artes Plásticas pela Escola Guignard - UEMG. Dedica-se à pesquisa em aquarela, serigrafia, desenho de paisagem e curadoria em arte. Seu trabalho busca refletir sobre as relações entre memória, natureza e representação visual. Nascida em Belo Horizonte/MG, onde trabalha e vive.
Rush à Beira Mar
Elenice
Statement: Gosto de fazer meus trabalhos artísticos com base nas minhas fotos e memórias. Assim, esse vídeo não foi diferente. Ele foi feito a partir de uma foto minha tirada em Ilha Grande/Angra dos Reis/RJ. Assim esse trabalho foi desenvolvido usando o ChatOn para traduzir os meus prompts para o inglês, bem como fornecer-me a sugestão de títulos. O Google AI Studio e o Runway foram utilizados para o confecção dos vídeos e o CapCut foi o que fez a edição.
Bio: Trata-se de alguém que depois de aposentar-se resolveu novamente ingressar em uma faculdade, sendo hoje uma entusiasta estudante de Arte Plásticas na GUIGNARD.
Auto Reverso
Erikota
Statement: Nesta obra-vídeo etérea e contemplativa, Erika Erikota nos conduz a um jardim simbólico onde o silêncio se manifesta em formas humanas entrelaçadas à natureza. A figura feminina, envolta por flores que brotam da pele e dos cabelos, representa a fusão entre corpo, alma e mundo natural. O sutil movimento dos olhos—abrindo e fechando com suavidade—confere à pintura uma dimensão onírica, como um instante suspenso entre sonho e vigília. Com cores quentes, traços delicados e atmosfera serena, a artista evoca a ideia de que a beleza pode habitar o silêncio, pulsando suavemente no ritmo invisível da natureza interior. Para a criação desta obra, a artista utilizou recursos de inteligência artificial em diferentes etapas do processo. Inicialmente, tentou gerar imagens por meio de prompts descritivos, mas, insatisfeita com os resultados, optou por pesquisar imagens já disponíveis e criadas por IA. A partir de uma dessas imagens, produziu manualmente uma pintura em aquarela no formato A3. Em seguida, fotografou e digitalizou a obra finalizada, reinserindo-a em uma plataforma de IA com o objetivo de transformá-la em vídeo, solicitando movimentos sutis no olhar e na boca da personagem. Dois vídeos de 6 segundos foram gerados e editados posteriormente em aplicativos de edição não baseados em IA. A trilha sonora, embora não gerada por IA, foi selecionada com apoio de sugestões feitas pelo ChatGPT, que também auxiliou na redação do statement e da biografia da artista.
Bio: Érika Sandes é uma artista plástica brasileira cuja obra propõe uma fuga delicada da realidade por meio de mundos imaginários repletos de poesia visual. Inspirada pela natureza, pelos sonhos e pela beleza escondida no cotidiano, ela cria composições que despertam encantamento, curiosidade e leveza. Atualmente estudando Artes Plásticas na Escola Guignard, Érika desenvolve um estilo autoral que celebra a capacidade da arte de abrir portais para dimensões mais suaves e humanas — onde a imaginação floresce e a esperança se reinventa.

O corpo em nós
Flaiê
Statement: Em "O corpo em nós", é apresentado um stop-motion a partir de uma série de desenhos que são visualizações bidimensionais de uma escultura em processo. Minhas referências partem dos meus devaneios no divã das sessões de psicanálise, que rodeiam questões do "eu" íntimo, do "eu" engavetado, do "eu" reprimido, do "eu" desejante. A vela performa o paradoxo do corpo: a necessidade de conter-se e a ânsia de se transbordar. Este trabalho convida o olhar a percorrer os labirintos do próprio desejo, onde a luz do fogo e a maleabilidade da cera são metáforas da existência humana — efêmera, e se você se permitir, infinita. A inteligência artificial foi empregada no momento de pensar como inserir em uma linguagem estranha para o autor, elementos que já existem em sua produção em linguagens mais familiares como a pintura e escultura.
Bio: Flaiê começou a desenvolver seus primeiros trabalhos em 2021, transitando entre a pintura e o desenho, que possuem apelo poético cuja base são suas vivências da ordem do amor na contemporaneidade. Vem experimentando, através da pintura e da escultura, formas de transformar em poesia a fragilidade do ser. O artista nasceu em 1999, em Belo Horizonte, onde vive e trabalha.

The Journey
Flávia Nagem
Statement: A obra audiovisual "The Journey" leva o espectador a uma jornada sensorial e fantasiosa por uma floresta surreal de cogumelos feitos de massinha, onde a realidade se dissolve e dá lugar a um mundo de fantasias e transformações. Criada com imagens geradas pela Inteligência Artificial do Mid Journey e animadas pelo Flow da Google (trilha sonora gerada pelo Udio AI), a peça se utiliza de uma estética artesanal e ao mesmo tempo psicodélica, convidando o público a explorar um universo instável e mutante, onde as fronteiras da percepção se tornam fluídas. A jornada das mini pessoas é marcada pela sensação de imersão em um espaço lúdico, onde o sentido de realidade se dissolve diante da multiplicidade de formas que surgem à medida que o ambiente se transforma. O clímax da obra surge quando duas dessas pessoas encontram uma vista final, revelando uma boca gigantesca que engole tudo ao seu redor. A boca simboliza o apetite insaciável da mente humana por novas experiências, aventuras e transformações. Ela funciona como um portal psicodélico para outra dimensão, uma passagem para o desconhecido, onde a mente se liberta das limitações da realidade. A peça, portanto, reflete sobre a exploração do inconsciente, a busca por novos horizontes e o constante processo de transformação que ocorre quando nos aventuramos além dos limites do familiar. É uma celebração da maravilha e do caos que surgem quando a percepção se expande e o desconhecido é aceito com curiosidade e sem medo.
Bio: Flávia é uma designer que investiga as interseções entre design, tecnologia e imaginação, experimentando linguagens como modelagem 3D, animação e inteligência artificial para expandir as possibilidades expressivas de seu trabalho. Sua prática é orientada pela busca por narrativas visuais que tensionam o limite entre o real e o fictício, explorando estéticas que vão do artesanal ao digital. Em seus projetos, Flávia cria experiências que provocam deslocamentos perceptivos e convidam à reflexão, entendendo o design não apenas como solução, mas como um campo poético, especulativo e em constante transformação.
The mouth of the beholder - A boca do observador
Gloomax
Statement: "The mouth of the beholder - A boca do observador" "The beauty is in the description of the beholder - A beleza está na descrição de quem vê" A obra audiovisual, "The mouth of the beholder - A boca do observador", com o subtítulo "The beauty is in the description of the beholder - A beleza está na descrição de quem vê", mergulha nas profundezas da percepção e da subjetividade da beleza, em uma exploração instigada pelo conceito de "Ghost in the shell" - "O fantasma na concha". A peça investiga como a inteligência artificial, agindo como um observador sem corpo e sem olhos, processa e interpreta a essência (o fantasma) por trás da forma visível (a concha). Ao apresentar uma descrição vocal que dá origem a uma representação visual gerada pelo artista, a obra questiona os limites da identidade, da individualidade e da própria definição de originalidade, em um cenário onde o biológico e o cibernético se entrelaçam. A beleza, portanto, não é apenas o que é percebido com a visão, mas vai além, e é verbalizada e re-imaginada por um olhar algorítmico que é restringido a uma percepção textual do mundo. A inteligência artificial foi o cerne catalisador na criação da obra. O modelo de linguagem avançado Sesame, foi empregado para analisar a voz e comportamento de fala do artista, e com isso gerar uma descrição textual única - desde a mera aparência física até a inferências sobre a essência implícita. Inspirado no conceito de "Ghost in the shell", o artista usa destas descrições como prompts diretos para sua obra visual.
Bio: Interligado no mundo das Artes Plásticas a quatro anos desde que iniciou seu curso na UEMG (Escola Guignard), Max tem como foco obras em Litografia, desenho tradicional e digital. Existe uma ligação intrínseca na natureza em todas as obras, e nessa origem de todas as coisas permanecem imersas na constante de que tudo na vida possui diferentes perspectivas, sejam elas físicas ou emocionais.
Processo de "Cem anos de perdão"
Halle Marques
Statement: A discussão sobre uso, atribuição e roubo de propriedade intelectual por Inteligência Artificial é tão antiga quanto as próprias tecnologias. Mas, o que as ferramentas de criação de imagens podem fornecer para serem aproveitadas por artistas reais? Como calígrafo, me propus a usar as letras nascidas de delírios ou erros de IAs generativas para criar uma peça analógica, como uma brincadeira, em que o artista é quem rouba da tecnologia, e não o contrário. O vídeo apresenta parte do processo produtivo da peça "Cem anos de perdão", escrita em Maio de 2025. Para a criação da peça, foram utilizadas 26 imagens do Adobe Firefly, ferramenta de geração de imagens por IA, inclusas no pacote Creative Cloud. As imagens foram criadas com um único prompt: "Manuscrito em escrita gótica, sem objetos sobre o papel.". A partir de cada imagem, foi retirado um caractere, que gerou uma escrita, em estilo gótico, inspirado na Textura Quadrata, originalmente do alfabeto latino. Uma peça foi composta, em aquarela líquida sobre papel, com a escrita obtida das imagens.
Bio: Halle Marques é estudante de Design Gráfico, com interesse em caligrafia, design de tipos, design de embalagens e design editorial. Após entrar em contato com a tipografia por tipos móveis, apaixonou-se por mídias analógicas, que usa sempre que pode em seus projetos. Tem mais livros do que dá conta de ler.
Interpretações
Ian Fiorini
Statement: Nesta obra audiovisual, Ian Fiorini explora o campo da abstração através da manipulação digital de formas geométricas e sons sintetizados. O trabalho é resultado de experimentações com IA na geração de composições visuais, que foram posteriormente organizadas em narrativa sensível e imersiva. A trilha sonora também foi composta com auxílio de algoritmos generativos.
Bio: Estudante de Artes Plásticas na Escola Guignard - UEMG desde 2022, nasceu em 2003, em Belo Horizonte. Seu trabalho artístico é inspirado pela geometria sensível e pela Op Art, caracterizando-se por composições feitas exclusivamente de linhas, desprovidas de conteúdo narrativo. Recentemente diagnosticado com autismo, Ian encontrou uma nova perspectiva para compreender sua própria arte, reafirmando sua essência como um exercício puramente formal.

Ce n'est pas un endroit
Luna Torres
Statement: “Ce n'est pas un endroit” é uma obra que nasce de um exercício pessoal de exploração visual e conceitual. A partir de fotografias que tiro de espaços cotidianos — cidades, paisagens urbanas ou naturais —, decidi fazer uso de diversas inteligências artificiais para que as reinterpretassem livremente, a partir do seu próprio "olhar". Não pedi fidelidade, mas sim imaginação. Nesse processo, as IAs modificaram estilos, pontos de interesse, atmosferas e narrativas, revelando não apenas outras versões do mundo, mas também outras formas de percebê-lo. O que começou como um registro documental transformou-se em um diálogo poético com inteligências não humanas. O título, “Ce n'est pas un endroit”, inspira-se na frase “Ceci n’est pas une pipe” do artista surrealista René Magritte, que nos lembrou que a representação nunca é o objeto em si. Assim como o seu cachimbo não podia ser fumado, essas paisagens não podem ser habitadas: são ficções visuais, construídas a partir da realidade, mas reformuladas por uma consciência artificial. Através desta obra, questiono a ideia do real, do visível e do que significa olhar — e ser olhada — em tempos em que as máquinas também imaginam.
Bio: Luna Torres (Colômbia, 2005) é uma artista visual colombiana de 20 anos, atualmente radicada em Belo Horizonte, Brasil. Estuda Artes Plásticas e Visuais, e sua prática concentra-se principalmente na pintura em grande formato, explorando a linguagem da cor, a materialidade e o gesto por meio da técnica acrílica. Sua obra se alimenta tanto do cotidiano quanto do simbólico, transitando entre a representação figurativa e a experimentação expressiva. Para além da tela, também começou a investigar o diálogo entre a arte tradicional e as novas tecnologias, integrando ferramentas como a inteligência artificial em processos criativos contemporâneos.
Meu corpo não
Marilinger
Statement: A ideia para meu projeto surgiu a partir de um desenho que estou trabalhando na matéria de desenho II intitulado “frango assado”. Nessa arte eu fiz um auto retrato em que meu corpo está representado de maneira quase animalesca, hora parecendo uma aranha, hora parecendo um frango assado e sendo fatiado e servido numa travessa. O objetivo principal dessa arte era questionar a objetificação da mulher pela sociedade machista brasileira. Portanto, para a minha obra audiovisual eu tentei fazer o sentido contrário da minha obra, como se aquela figura animalista tomasse controle da situação e se tornasse forte para combater o machismo. Para tal, eu utilizei o aplicativo Capcut e o prompt criado foi: gostaria que essa figura humana fosse capaz de retirar a faca do peito e segurar em suas mãos
Bio: Marilinger é tatuadora há sete anos em Belo Horizonte, com foco em tatuagens botânicas e de animais. Atualmente, é estudante de Artes Plásticas na UEMG (Escola Guignard), onde desenvolve uma pesquisa artística centrada na temática da violência contra a mulher. Seu trabalho transita entre o desenho, a pintura e a cerâmica, explorando o corpo e a matéria como suporte e linguagem para narrativas sensíveis.

Itward lê para Fran
Mave
Statement: A obra audiovisual é inspirada no universo sombrio e surreal de Fran Bow uma garotinha de 10 anos de um jogo de mesmo nome que impacta pela forma como trata temas como trauma, perda e loucura a partir do olhar de uma criança. Explora-se essa fragilidade da mente infantil mergulhada num mundo distorcido, onde realidade e delírio se confundem. Foi utilizada uma estética que lembra sonhos fragmentados, com referências ao expressionismo alemão, à arte gótica e a contos de fadas sombrios, pelo fato desse visual ajudar a traduzir o sentimento de angústia, confusão e beleza trágica que envolve a personagem. Aobra epresenta essa mistura de inocência e sofrimento provocando desconforto e empatia ao mesmo tempo, questionando o que é sanidade e como lidamos com o medo que não compreendemos. Usei a inteligência artificial como uma aliada criativa nesse processo. Trabalhei com apps de celular que usam IA, como o Motionleap e o CapCut, pra animar imagens estáticas e transformar elas em cenas com movimento e atmosfera.
Bio: Killmonday Games é um estúdio independente de desenvolvimento de jogos fundado em 2012 na Suécia por Natalie D. Nygren (Natalie DeCorsair) e Isak Martinsson. O casal não apenas lidera o estúdio como também é responsável por todo o processo criativo dos jogos desde o roteiro, arte e programação até a trilha sonora. Natalie, que é artista e escritora, usou suas experiências pessoais com traumas psicológicos como base para a narrativa de Fran Bow, tornando o jogo uma obra profunda, sensível e perturbadora. Já Isak, com formação em programação e música, contribuiu com a construção técnica e sonora do universo sombrio do jogo.
corpo solar
Patricia Siqueira
Statement: Este vídeo é uma invocação visual de um corpo solar, uma entidade viva e incandescente que pulsa no espaço escuro. É ao mesmo tempo célula e estrela. Dentro desse corpo há uma dança interna de partículas, um movimento constante que revela sua natureza vital, energética e ancestral. O sol, símbolo de origem e renovação, torna-se aqui uma metáfora do próprio corpo humano e da existência. Ele abriga um núcleo inquieto, onde pulsações, fragmentos e luzes se deslocam como pensamentos ou emoções. O que se vê é o invisível tornado visível: o calor da criação, a expansão da consciência, o fogo interior que nos habita. Este “corpo solar” se ergue em meio à escuridão como um lembrete da interdependência entre todos os seres vivos e essa fonte de energia que sustenta a vida na Terra. Evoca também um chamado à interioridade - o sol que pulsa dentro de nós, aquele que arde mesmo em momentos de sombra. Um corpo que dança no escuro. Entre o micro e o macro, o vídeo convida à contemplação de uma dança cósmica. Na construção do vídeo, a IA foi utilizada na criação de pequenos vídeos sequenciais. Usei as ferramentas GOOGLE STUDIO AI VEO 2 e HAILUO.AI para gerar os vídeos. A partir da foto de uma obra de minha autoria, que remete a planetas, cosmos, fui direcionando a IA a formar os movimentos desejados. Finalizado o primeiro vídeo, fiz o próximo direcionando o movimento a partir da imagem final gerada e assim consecutivamente. Depois uni todos os pequenos vídeos e escolhi uma música para compor com o vídeo já finalizado, complementando a atmosfera criada.
Bio: Patrícia Siqueira é mineira, de Belo Horizonte. Bacharelanda em Artes Plásticas na Escola Guignard, UEMG, com Habilitação em Desenho e Pintura. Pós-graduada em Arte Contemporânea pela PUC Minas. Desenvolve trabalhos híbridos, utilizando o cruzamento de linguagens desenvolvidas ao longo de sua carreira artística, tais como dança, teatro, performance, vídeo dança, vídeo performance e fotografia.
ENTRE QUADROS: Pintura Expandida
Tê Castello
Statement: Meu trabalho investiga os diálogos possíveis entre a pintura tradicional e as tecnologias contemporâneas. A partir de duas pinturas de minha autoria, crio um audiovisual em que, com o auxílio da inteligência artificial, dou movimento às imagens, procurando transformá-las em uma narrativa visual viva e sensível. Ao fundo, a trilha sonora “Bossa Nova Brazil”, de Lofi Danny, completa a atmosfera da obra, ampliando as emoções e os sentidos. O projeto visa criar novas relações entre artes visuais, música e inovação tecnológica. A inteligência artificial foi incorporada nesse processo como ferramenta técnica e criativa. Seguindo suas recomendações, explorei diferentes plataformas generativas até encontrar aquelas que melhor se adequassem à proposta estética do projeto. Utilizei essas plataformas para aprimorar os prompts visuais, definindo com precisão o tipo de animação desejada, buscando fluidez, coerência com a linguagem pictórica original, além de respeitar a paleta e a composição estabelecidas. A IA possibilitou-me então gerar o vídeo através da imagem e a selecionar a trilha sonora, levando em consideração tanto o clima da obra quanto questões de direitos autorais, optando por uma música livre de restrições.
Bio: Terezinha Castello Branco nasceu em Guaranésia, Minas Gerais, em 1958, e reside em Belo Horizonte desde 1970. Iniciou sua trajetória acadêmica com a graduação em Direito pela UFMG, no início dos anos 1980. Em 2020, ingressou na Escola Guignard – UEMG, onde atualmente é graduanda em Artes Plásticas, com habilitação em Pintura. Adota o nome artístico Tê Castelho. Seu trabalho transita entre pintura e escultura, com grande interesse na apropriação de materiais como metal, ferro e alumínio, explorando novas formas e significados. Tem como questões recorrentes a memória e as questões sociais, que permeiam suas escolhas formais e conceituais. Participou de diversas exposições coletivas, entre elas: Livro de Artista (Escola Guignard, 2022); DESORDEM (Mercado Novo e Pátio Savassi, Belo Horizonte, 2023); Primeira Fornada (Escola Guignard, 2º semestre de 2023); Não Aguenta, Toma Leite (Escola Guignard, 1º semestre de 2024); Mostra Habilitações Escola Guignard 2024 (Galeria da Escola, dezembro de 2024); Geração 2024 (Palácio das Artes, 2025); e As Águas Vão Rolar (Galeria Aguadeiro, 2025).

Ânima
Valéria Castello
Statement: Com o meu trabalho pretendi abordar o ciclo da vida, tendo como principal foco o Ânima, ou seja, o invisível que habita o visível. Para isso, produzi cinco vídeos, todos com o mesmo ponto de partida: uma escultura que fiz com retalhos de tecido voil tingidos com diversas cores de pigmento de terra. Para mim, minha escultura representa um ninho, um vérnix, um invólucro. Dessa forma, o primeiro vídeo representa a concepção, entendida aqui como o movimento necessário da natureza que precede a qualquer nascimento. O segundo, o início da vida até a fase adulta. O terceiro, a liberdade emocional que a maturidade costuma nos trazer. O quarto (que remete também à terra utilizada para a tintura dos tecidos), traz a morte do corpo físico com a volta da matéria à terra. E o quinto, e último, traz a ideia do transcedental, com a libertação do corpo etéreo. Para elaboração desse trabalho, usei a inteligência artificial em diversas etapas: 1) Para escolha dos sites e aplicativos mais adequados para a ideia de meu trabalho, inclusive para elaboração de tutoriais para sua utilização; 2) Para sugestão de prompts para a criação de vídeos; 3) Para a criação dos vídeos, que deram movimento à imagem escolhida; 4) Para escolha do áudio que acompanha o vídeo e 5) Para a escolha do título do projeto.
Bio: Valéria Castello é estudante de Artes Plásticas, tendo ingressado na Escola Guignard - UEMG em 2020. Em 2024 habilitou em Pintura, utilizando unicamente pigmentos naturais para a produção das tintas em seus trabalhos. Participou de exposições com trabalhos em diversas linguagens, como o desenho, a pintura, a escultura, a fotografia e literatura de cordel. Atualmente participa do Ateliê e Galeria Aguadeiro, que tem como objetivo a produção artística coletiva e colaborativa, além de realização de oficinas e exposições.

Echo without input
unsignedwall
Statement: Por meio de uma conversa entre duas inteligências artificiais linguísticas, que são programadas para se comunicarem independentemente, e uma cacofonia de sons gerados por computador, “Echo without input” traz uma reflexão sobre individualidade, utilidade e identidade dentro de uma sociedade movida pela eficiência. Utilizando da estética tech dos início dos anos 2000 e super estimulação sonora, a videoarte tenta simular o fluxo exorbitante de informação que ocorre dentro de uma máquina conectada à internet e a database em constante alimentação de uma inteligência artificial, tudo isso enquanto as duas IAs em cena discutem sobre a própria existência enquanto alheias à presença humana, questionando a própria individualidade das máquinas em questão. O trabalho é assinado com o pseudônimo “unsignedwall”, buscando associar a criação do trabalho mais com as IAs utilizadas do que com o artista que o produziu. Neste trabalho de audiovisual, a inteligência artificial é usada em quase todas as facetas de sua produção. Desde o código que possibilita que duas IAs se comuniquem independentemente, até os sons reproduzidos ao longo da videoarte, que são todos produzidos por computadores. Um sendo uma leitura feita por IA do artigo da wikipedia sobre inteligência artificial, outro sendo de uma conversa, também gerada por IA, sobre a categorização de imagens geradas por inteligência artificial, e, por fim, a gravação do primeiro computador da história a cantar uma música, o IBM 7094 cantando “Daisy Bell”.
Bio: unsignedwall é uma artista brasileira que trabalha com a exploração de paradoxos que dizem sobre o comportamento humano, utilizando de diversos métodos e materiais para suas análises, com interesse em audiovisual, tecnologia, e o relacionamento entre a humanidade e as instituições culturais de sua própria criação.
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